O Campeonato Catarinense de 2024 foi marcado como o campeonato das notas oficiais. Clubes dispararam nota pra reclamar de arbitragem, de preço de ingresso, de instalação de VAR, VAR que não funcionou... Coisas que poderiam ser resolvidas internamente, mas acabaram indo pra rua manchando ainda mais um campeonato pautado por problemas, e que deu um prêmio bem magrinho ao campeão Criciúma, que investiu um monte para levar uma bonita taça, dois troféus em formato de cabeça e 100 mil reais em dinheiro.
A Federação Catarinense de Futebol faturou com o campeonato catarinense, em cima apenas dos balanços de renda, mais de 800 mil reais, representando mais de oito vezes o valor dado ao campeão. Os dados foram computados pelo perfil @JECDepre_, que somou todos os borderôs dos jogos disponíveis na internet. Somente na decisão, a FCF faturou mais de R$ 73 mil, sendo que o borderô do jogo registrou prejuízo mesmo com quase 20 mil pessoas no estádio. Confira abaixo:
Em cima desses números, comprova-se que, se os clubes quiserem assumir a organização do campeonato, poderiam enxugar despesas e ter um prejuízo menor em um campeonato deficitário. Essa é a ideia original de Liga que a CBF abriu a porta e tentaram fazer no futebol brasileiro sem sucesso. Hoje, o que existem são dois grupos, quem dizem ser ligas, cada um olhando pro seu umbigo, querendo ganhar mais para o outro. A lei permite a formação das Ligas, com os clubes assumindo a organização e contratando a arbitragem das Federações. Temos exemplos bem-sucedidos no futsal e no basquete, para citar dois casos. E se a CBF deu essa abertura, não é tão impossível de se conseguir no cenário estadual.
O modelo de 12 clubes no catarinense foi aceito anos atrás e muita gente avisou que colocar "duas bocas" a mais pra comer do mesmo bolo, o pessoal iria passar fome. Na verdade, o aumento de clubes no campeonato catarinense foi uma decisão política e nada técnica dos presidentes. Hoje, reclamam de algo que estava funcionando bem, com os dez clubes. E não vai ser fácil ter força para convencer os clubes menores a abrirem mão de duas vagas e termos três rebaixamentos no mesmo ano, como aconteceu em 2008.
A Associação de Clubes de Futebol de Santa Catarina está longe de ser um exemplo de união. Essas questões envolvendo preço de ingresso, VAR e arbitragem poderiam ser resolvidos internamente. Faltou alguém que colocasse a bola no centro, pra chamar a turma para conversar e chegar em um denominador comum.
Penso que a única solução financeiramente viável para que os clubes não paguem para jogar o campeonato catarinense é a formação de uma Liga, na concepção da palavra, que tire da Federação Catarinense todo o poder de organização e traga para ela a gestão comercial, assim como a CBF abriu a porta para os clubes do Brasileiro. Mas diante de um quadro onde os próprios clubes não tem vontade de sair da zona de conforto com o que está, é algo difícil de imaginar acontecer. Quem resolver pular essa barreira, será pioneiro.