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A nova realidade do Brusque, sem Série B e Havan

Clube planeja sua temporada 2023 depois de um novembro de terror

Por: Redação
18/12/2022 às 22h27 Atualizada em 18/12/2022 às 22h55
A nova realidade do Brusque, sem Série B e Havan

O Brusque reuniu imprensa e torcedores para abrir o seu balanço financeiro deste ano e mostrar o tamanho do problema para 2023. O clube teve um novembro de terror: não bastasse o rebaixamento para a Série C, a bomba maior viria dias depois, quando o presidente Danilo Rezini recebeu um telefonema do empresário Luciano Hang, que informava que a Havan, maior parceira do clube, não continuaria com seu patrocínio para 2023. Vamos falar especificamente sobre isso mais pra frente deste texto.

Vamos aos números frios, apresentados pela diretoria: o Brusque fechará 2022 com uma receita de quase R$ 16 milhões, sendo que terminará o ano com todas as dívidas zeradas e cerca de R$ 400 mil em caixa. Por mês, durante a Série B, o clube faturou R$ 833 mil com a TV, mais R$ 135 mil com as placas de publicidade e R$ 284 mil vindos da Havan por mês. A previsão de receita que o clube apresentou para o ano que vem chega a quase R$ 3 milhões, mas vejo algumas ressalvas aí: primeiro, tem a verba da Copa do Brasil, que pode ultrapassar R$ 1 milhão em caso de ida para a segunda fase. Depois, não se sabe o que virá na Série C, que até agora não tem contrato de TV e conta, no próximo ano, com dois clubes de grande torcida que vem a ajudar a valorizar o produto: CSA e Náutico. Mesmo assim, será uma queda considerável.

Passado o tsunami, a diretoria hoje já trabalha com um cenário mais calmo, bem longe da cara de terra arrasada depois que a Havan resolveu cortar tudo. A folha de pagamento é razoável, o plantel que se apresenta é interessante e mais gente pode chegar para fazer uma boa Série C. O time, definitivamente, não entra no Catarinense como favorito, como foi neste ano. Mas o técnico Luizinho Lopes garantiu que a folha de pagamento menor não é um impeditivo para que o time vá bem. Em alguns aspectos eu concordo com ele, uma vez que dá pra enumerar alguns jogadores do elenco deste ano que apareceram no Estadual, mas desapareceram na Série B. Alex Sandro, Diego Jardel, Luiz Antonio, Crislan e mais alguns sumiram no Brasileiro. Uma continha rápida que fiz aponta que mais de R$ 300 mil foram gastos na folha com jogadores que custaram caro e não renderam. Além disso, gosto de tomar o Figueirense de Junior Rocha como exemplo: o time tinha uma folha de pagamento menor até do que o Brusque pretende investir neste ano, e conseguiu se classificar e ficar a um gol do acesso. Comprova-se que dinheiro não é tudo.

Vamos agora falar da Havan. A empresa resolveu cortar todos os patrocínios esportivos. Além de cortar o patrocínio do Brusque, rescindiu um acordo de R$ 24 mil, válido até o final de 2023, que rendia o aluguel do Estádio Augusto Bauer. E tem mais coisa: naquele mesmo dia que a Havan informou que "cortou" o patrocínio do Brusque, teve mais gente da região também recebendo emails dizendo que os patrocínios não seriam continuados, sob o argumento da "incerteza que paira sobre o país". Comprova-se que, pelo menos até onde sei, não foi um ato isolado. Foi uma decisão empresarial da empresa que não buscou punir apenas A ou B, diante do cenário político.

Mas há uma diferença grande entre o patrocínio da Havan ao Flamengo e Athletico ao Brusque: Luciano Hang é da cidade, anda pela cidade, e não é difícil você encontrá-lo por aí. Por ser uma empresa da cidade de Brusque, o patrocínio ao clube campeão catarinense foge da questão do marketing e passa por uma ação institucional de apoio ao esporte da cidade, assim como também acontece com os times de vôlei e futsal femininos, que disputam suas ligas nacionais. Eu acredito que ele, ao andar pela cidade, tenha sido cobrado por torcedores pela atitude que tomou contra o Brusque, ainda que ela tenha sido justificada pela empresa. Eu acredito que, mais cedo ou mais tarde, esse patrocínio retornará, até porque se trata de um valor que, para a realidade de uma das maiores redes de lojas do Brasil, é pequeno. 

Enquanto isso, o Brusque resolveu tocar a sua vida: está atrás de um novo patrocinador master, tenta emplacar um plano de sócios (e vai enfrentar uma resistência do torcedor, que historicamente não adere) e vê com mais tranquilidade o horizonte para montar um bom time. Além disso, pensa também em tocar em frente a construção do estádio sem precisar da Havan, em uma área que já lhe pertence ou em um acordo a ser costurado com o futuro governo do Estado que também beneficiará o futebol de Blumenau com as estruturas do Sesi.

A verdade é que parece que o impacto da perda do dinheiro foi assimilado e o trabalho continua. Mas a Série C é um poço de areia movediça. É necessário sair de lá o quanto antes, sob a pena de afundar e ficar mais difícil pra sair. O Figueirense tá aí pra contar a história.

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