COERÊNCIA
A bandeira branca hasteada entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, repercutiu imediatamente no mercado com a queda do dólar. Depois de um guisado de bode, os dois saíram do jantar pedindo desculpas, por só agora perceberem o tamanho de ambos nas demandas nacionais.
TANTO O DEPUTADO QUANTO O MINISTRO
Precisam se convencer que suas idiossincrasias devem ficar em segundo plano quando estão em jogo temas de relevância para o país. O ministro acusou o deputado de ter uma agenda de esquerda, enquanto este colocou em dúvida a sanidade mental do ministro.
ESSE JOGO DE PALAVRAS
Fica bonito para os seguidores, mas não se sustenta quando se destaca que a ação mútua é mais importante para avançar em pautas importantes. A principal delas é a reforma tributária. A matéria está no Congresso, e o que menos se espera é um impasse em decorrência das diferenças pessoais entre as duas autoridades. Conceitos se discutem e se busca consenso; teimosia, não. A pacificação foi um passo importante para a discussão voltar à sua trilha.
A REFORMA TRIBUTÁRIA
Carece de ampla avaliação por conta de pontos que ainda precisam ser pacificados. Os municípios, nos quais tudo acontece, precisam ter mais voz no debate em decorrência das consequências do projeto. Fala-se com frequência na divisão mais justa dos recursos, mas a fórmula ainda é incerta.
AS ASSOCIAÇÕES
De secretários de Fazenda têm alertado que o modelo tem imprecisões, a começar pela forma como os recursos chegarão aos caixas municipais. Se forem carimbados, como está proposto no texto inicial, poderão provocar distorções, isto é, serem destinados a uma determinada rubrica quando é a outra que carece de investimentos. Não adianta o dinheiro chegar para uma determinada ação, quando é outra quem carece de investimento. Essa advertência, já chegou aos deputados e está sendo acompanhada pelos municípios.
OS PROJETOS
Quando saem do Governo e chegam ao Congresso são passíveis de mudanças, pois é do jogo democrático. A reforma apresentada pela equipe do ministro Paulo Guedes passa por depurações, mas, quando as linhas de conversa estão abertas, como ele e o presidente da Câmara asseguraram, os ruídos são superados, e o projeto ideal pode ser o resultado final das conversações.
OFERTA & DEMANDA
Produtores catarinenses de leite receberam em setembro em média R$1,87 pelo litro do alimento, com parte deles recebendo mais de R$2,00 por litro. Os dados são do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri. Em setembro esse valor Foi o segundo maior desde 2007, quando tem início a série histórica. É superado apenas pelos cerca de R$2,00 de julho de 2016, quando considerada a inflação do período.
A PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL
Ficou aquém do esperado no primeiro semestre de 2020. Nestes seis meses, a indústria de lácteos recebeu praticamente o mesmo volume de leite captado em igual período de 2019, um acréscimo de apenas 0,4%. As importações também não foram altas. Embora tenha havido aumento das importações em julho e agosto, somando os volumes de 2020 as importações ficam abaixo do ano passado.
SE A OFERTA NÃO CRESCEU
A demanda sim, principalmente como reflexo da pandemia causada pela Covid-19. O isolamento social forçou famílias a se alimentarem mais em casa. O auxílio emergencial, pago pelo governo federal à famílias de baixa renda por conta da crise sanitária, também ajudou a incluir o alimento no cardápio de muitas famílias que, por falta de recursos financeiros, não o consumiam ou o faziam em pequena quantidade. A redução no valor do auxílio emergencial e do número de beneficiados também devem reduzir a demanda. O aumento da oferta e a diminuição na capacidade de compra tendem a reverter o mercado de lácteos rapidamente nos meses finais de 2020.