Com um empate sofrido no Augusto Bauer, o Brusque garantiu o bicampeonato catarinense, confirmando um novo momento na sua história. Desde o título da Série D em 2019 e o acesso para a Série B em 2020, o clube passou por algumas provações que forçaram um grande aprendizado, dentro e fora de campo. No cenário local, o time precisava desta conquista, depois de bater na trave duas vezes: em 2020, foi derrotado pela Chapecoense em uma final que aconteceu seis meses depois do final da primeira fase por causa da pandemia. Nesse meio-tempo, Edu lesionou o joelho e o time foi presa fácil. No ano passado, um erro crasso do então treinador entregou uma classificação muito provável contra o Avaí. Tudo foi aprendizado.
E quando falo em aprendizado, não é só no cenário estadual. Na Série B, o clube se tocou que precisaria não só qualificar, bem como quantificar o elenco. Não dá pra enfrentar o Brasileiro só com quatro zagueiros, nem com poucos volantes, muito menos atacantes. Para esse ano, já tem mais opções e mais gente chegando. O caso Celsinho, que tirou um mando de campo do time, que será pago na próxima sexta, foi um caso clássico de falta de tino (pra não dizer burrice) para lidar com essa situação. Aquela nota oficial divulgada um dia após o caso foi uma tragédia completa. Mais uma lição pro caderninho. Teve também a limpeza no departamento de marketing do clube, que era alvo de sérios problemas de relacionamento e que apresentou inúmeras falhas. Isso também foi arrumado e hoje caminha bem.
Tem mais: o clube historicamente tinha deixado de lado as divisões de base. Dessa vez, temos um outro cenário: o Brusque tem em Roberto Zen um diretor da área, com o ex-volante Miguel como coordenador, uma estrutura própria e captação de projeto de mais de R$ 3 milhões para tocar as atividades. Eu, que sempre me passei por chato de bate nessa situação do time não ter uma base decente, finalmente tenho uma notícia boa.
E aí começou a temporada 2022 com o clube indo bem no mercado: Wallace, se não arrumou, deu uma grande incrementada numa zaga que foi uma das piores da Série B e um deus nos acuda na bola aérea. Luiz Antonio chegou com salário alto e fez, com Rodolfo e Zé Mateus, um meio consistente. Diego Jardel veio a um custo muito baixo para os padrões como oportunidade para uma retomada no futebol. Deu certo. E ainda tem Fernandinho e Alex Sandro, o artilheiro do campeonato. As contratações fizeram efeito, com sobra de caixa para trazer mais "seis a oito" reforços para a Série B. Definitivamente, o time vai bem mais preparado para a maratona, com dinheiro em caixa e contas em dia.
O título estadual do Brusque não veio por acaso. É um time que aprendeu "apanhando", mas que agora vai tomando um rumo certo. O novo estádio é questão de tempo, já que depende da burocracia da FIESC para tocar a venda da área do Centro Esportivo do Sesi. Enquanto isso, a CBF já encaminhou exigências e o time jogará no Augusto Bauer a partir da quarta rodada. É um projeto que ganha consistência ano a ano e que vai rendendo seus frutos. Nesse processo, a taça de Campeão Catarinense 2022 terá um lugar especial.