Troquei algumas mensagens com o técnico Waguinho Dias hoje a tarde. Além de me confirmar que estava voltando ao Brusque, ele me disse que "vai dar tudo certo" e que pretende "resgatar a confiança dos atletas" para que o time vença os seis jogos que precisa para permanecer na Série B. Foi uma escolha "sentimental" da diretoria, em cima da conquista do título da Série D de 2019. Haviam vários nomes na mesa com experiência de Série B. Mas qual teria sido o motivo crucial para trazer um treinador que tem história no clube, e isso ninguém nega, mas que teve trabalhos medianos nesse entretempo?
Quando a diretoria resolveu demitir Jerson Testoni, eles sabiam que tinham que sair de uma zona de conforto. O atual treinador é da região, bases bem fixadas por aqui, recebia um salário "baixo" para os padrões da Série B e a coisa caminhava bem. A partir do momento da decisão de trocar, era sabido que o patamar salarial poderia aumentar. Ou, havia a opção de se trazer um nome dentro da mesma faixa, que necessariamente não seja conhecido, caso de Thiago Carpini, de 37 anos, que salvou o Guarani do rebaixamento em 2019 e teve último trabalho na Inter de Limeira.
A opção por Waguinho satisfaz muitos torcedores (muita gente pedia ele nas enquetes), representa uma opção mais barata (o clube demitiu Jerson e o preparador físico, e trouxe ele e nenhum preparador, trazendo George Castilhos da fisiologia de volta para o campo), e traz junto a característica do treinador de buscar os resultados exaltando o emocional do grupo. Taticamente, as visões dele e de Jerson não são muito diferentes. Não estranhe se ele mandar Thiago Alagoano para atuar pela extrema, com Marlone pelo meio.
Há alguns fantasmas que precisam ser explicados. Dentro do clube, tem quem diga que o treinador saiu do clube deixando algumas rusgas. Claro que as pessoas que estão lá hoje necessariamente não são as mesmas de 2019. Mas acredito que isso tenha sido ponderado pela diretoria.
Vamos falar de campo e bola. Sob o comando de Jerson, mantendo uma estrutura de dois anos, o time tinha uma forma de trabalho definida. A Série B, por si só, exige um reforço e uma situação de profissionalismo maior. No primeiro turno, os resultados colaboraram, mas no segundo, o alerta vermelho soa. O time chegou a ter um DM recheado, viajou com poucos reservas e não tem uma divisão de base própria que permita que um jogador seja "puxado" para o profissional. Eu acreditava que a diretoria pudesse trazer esse nome mais viajado em Série B justamente para "virar a chave" e criar situações para que o time crescesse em sua organização. Com Waguinho, a forma permanece a mesma, porque ele é da casa. E teve mais gente saindo: o auxiliar e analista de desempenho Fernando Borba saiu do clube semana passsada, foi para o Brasil de Pelotas e até agora não se informou sobre reposição.
Waguinho vai chegar e, num primeiro momento, vai tentar mobilizar o vestiário. Poderá funcionar, mas os problemas do time vão além disso. A defesa é ruim (a segunda pior da Série B), e Jerson insistia com Ianson falhando, o time não se acha do meio pra frente, sendo que Thiago Alagoano só foi sacado do time no último jogo, e vencer o Vitória na sexta é obrigação. Não quero aqui trazer uma comparação com a passagem curta dele no Criciúma, onde não conseguiu trabalhar um mês e acabou demitido. Mas o momento é delicado e ele terá que trazer resultados a curto prazo, em uma semana dura, com jogos contra Vitória e Vasco em casa, e Sampaio Corrêa fora. Ele é um cara gente boa, que tem seu lugar na história do clube, mas agora a cobrança é maior. A diretoria fez uma opção mais sentimental do que exatamente técnica. Vamos deixar ele trabalhar.